A última coisa de que um cardiologista precisa na sua vida profissional atribulada é complicação. Entre as especialidades mais complexas da medicina, a cardiologia envolve o acompanhamento de pacientes agudos e crônicos, interações com diferentes clínicos e muitos procedimentos diagnósticos e de intervenções. Todo esse trabalho gera muitos dados. É o setor de TI da saúde que vai determinar se isso vai levar a uma difícil sobrecarga de informações, ou a desfechos mais positivos para os pacientes.
Um cardiologista da época do papel e caneta, sei por experiência própria que TI para a saúde é algo perfeito para esta especialidade com grandes volumes de dados. Vejamos por que isso é verdade e o que a tecnologia pode fazer por você.
Os Desafios dos Dados na Cardiologia
Quando comecei a trabalhar no turno da noite e passei a ser responsável por pacientes que eu nunca tinha visto antes, me considerava com sorte quando o médico anterior deixava algumas observações anotadas para me deixar a par. Alguns clínicos faziam uma documentação médica apropriada para fins de registro, mas outros não. É difícil quantificar o número de horas desperdiçadas analisando prontuários de papel e caçando informações ausentes. Quase tudo era em papel, CD-ROM ou USB, ou ficava guardado na memória do próprio paciente.
Quando algo dava errado, eu vasculhava em um livro-texto ou telefonava para um consultor e torcia para que atendesse. Eu e os meus colegas corríamos até o laboratório para pegar resultados urgentes e tentávamos de tudo para conseguir alguns minutos com os radiologistas quando estavam disponíveis. Os enfermeiros buscavam por médicos na enfermaria, e vice-versa.
Como nenhum dado clínico era obtido facilmente, rastrear os insights que levam a cuidados de saúde melhores era, em si, um trabalho à parte.
Dados Saudáveis para Manter a Saúde dos Corações
Felizmente, esse funcionamento está em contraste gritante com o trabalho atual de um cardiologista assistido por tecnologia.
Agora, quando os médicos precisam visualizar imagens de um cateterismo cardíaco, podem imediatamente acessar os dados em seus computadores ou dispositivos móveis. A letra descuidada de um colega não representa mais uma barreira para o serviço de saúde. Os smartphones oferecem acesso inigualável aos registros médicos eletrônicos de um paciente. E isso não se aplica apenas a dados relativos ao histórico de um paciente em um determinado provedor de saúde; a interoperabilidade proporciona registros unificados de atendimento médico entre organizações.
Quando a condição de um paciente muda, notificações eletrônicas avisam imediatamente o médico, independentemente de sua localização. Ferramentas de apoio à decisão clínica utilizam as mais recentes informações, o que é bastante útil durante uma pandemia em evolução, para auxiliar os cuidados no leito. Alertas avisam os médicos a respeito de resultados laboratoriais assim que se tornam disponíveis. Os clínicos não passam a noite vagando pela enfermaria, na esperança de encontrar a pessoa de que precisam.
Tudo parece a um clique de distância.
Qual é a significância de dados saudáveis para cardiologistas?
Acesso fácil a dados bons e limpos permite uma tomada de decisões mais rápida e bem informada. Os médicos podem até mesmo oferecer cuidados de fora do hospital, usando um telefone ou tablet para realizar consultas com pacientes, prescrever medicamentos e solicitar testes. TI para saúde, simplesmente, permite que os médicos alcancem desfechos mais desejáveis com maior eficiência.
Isso parece ser especialmente verdadeiro para cardiologistas.
Como mencionei acima, essa especialidade envolve o acompanhamento de pacientes agudos e crônicos, que costumam passar por muitos procedimentos diferentes. Dados saudáveis, disponíveis quando e onde os cardiologistas precisam, possibilitam que calculemos riscos. TI para saúde significa que não é mais uma tarefa árdua ter colaborações com outras especialidades no tratamento de pacientes e suas condições complexas.
A cardiologia está na vanguarda da inovação e pesquisa. Organizações como a American Heart Association atualizam frequentemente suas diretrizes de prática clínica, o que significa que manter-se atualizado com as novas recomendações é um desafio. Mas o suporte eletrônico à decisão clínica facilita essa tarefa ao implementar continuamente essas atualizações. Essas ferramentas ajudam a padronizar o atendimento ao sugerir caminhos de tratamentos para pacientes com doenças como a insuficiência cardíaca. Como sabemos o que esperar no primeiro e nos últimos dias do tratamento, estamos mais bem posicionados para implementar alterações quando necessário.
Ao aproveitar dados e recursos de analytics, os cardiologistas pode ter acesso a coortes de pacientes para compreender mais claramente o que está acontecendo em grande escala. Atualmente, é fácil determinar quais pacientes com doença cardíaca crônica estão tomando uma determinada medicação e apresentando certos sintomas ou efeitos adversos. Esse conhecimento pode produzir o tipo de insight, a respeito do desenvolvimento de complicações, que ajuda a salvar vidas.
E a cardiologia está apenas começando a sentir os efeitos das inovações como a telessaúde e o aprendizado de máquina. Essas tecnologias chegaram para ficar e muito provavelmente vão aprimorar ainda mais o trabalho dos cardiologistas do mundo todo.
Mesmo assim, o uso de TI para saúde não é capaz de substituir os médicos. Os cardiologistas sempre serão responsáveis pela parte mais difícil: fazer de tudo para que os pacientes voltem para casa com seus corações intactos. Se esse trabalho não justifica ter dados bons e limpos, o que justifica?
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Hazem El-Oraby, M.D
O Dr. Hazem El-Oraby faz parte da InterSystems desde 2010 e trabalha com médicos do mundo todo para desenvolver, implementar e adotar soluções da InterSystems para acelerar iniciativas de saúde. Antes de integrar a InterSystems, Hazem foi Gerente de Produtos de Saúde na Health Insights, onde liderou o desenvolvimento dos seus módulos clínicos do HIS. Hazem recebeu seu Título Médico pela Universidade Ain Shams, no Cairo, e pratica cardiologia há 7 anos em várias instituições públicas e privadas. Recentemente, ele concluiu seu Mestrado Executivo em Empreendedorismo e Inovação na HEC Paris.